"Da nossa vida, em meio da jornada,/Achei-me numa selva tenebrosa,/Tendo perdido a verdadeira estrada."
- - INFERNO: Canto I, linhas 1-3
Segundo dia. Seguindo a jornada civilizatória, me admirei nessa noite com a piazza Barão do Rio Branco, pessoas faziam o chamado footing-noturno (caminhada), crianças brincavam no parquinho, os jovens mostravam sua juventude, belas donas se exibiam ao relento da noite (e isso foi o que mais me chamou a atenção)...

Repentinamente, um susto, o ser era corcundo (gobbo), boca torta (bocca torta), baixa estatura, me agarrou pela mão e não resisti... me levando até o outro lado da praça. Parecia que eu deveria ver aquilo... Aquele corpo manco de uma perna me levou até o outro lado da praça, longe dos balanços e da máquina de algodão doce.
O lado escuro, ali se refugiavam seres noturnos, um olhar triste de um mendigo bêbado, dois velhos usavam suas mãos para apalpar as prostitutas colocando moedas entre suas pernas, gemidos corriam incessantemente de trás de das árvores escrustadas, crianças vendiam balas naquele lugar que a minha visão era repugnante. Os berros incessantes de um pastor reformador protestante e calvinista que acabara de chegar a cidade parecia a última esperança daquela porquice.
Uma Sodoma, algo desmerecido, esquecido por Deus ou criado por ele para abrir meus olhos...

O corcunda desaparece. Ratos fugiam aos meus passos, o parquinho já não era mais avistado, eu fugia de um dos círculos do Inferno de Dante(1) enquanto todos aqueles demônios gargalhavam um hálito putréfico perante meu medo. O subterrâneo exalava sua prostituição. Naquela paisagem meu anterior sorriso havia sido cerrado e meu olhar passava a me evidenciar algo que não queria acreditar, ali se desmistificava, se desmentia, a cidade civilizada.
Acordo na madrugada. Seria mesmo um pesadelo?
___________ 1- ALIGHIERI, Dante. INFERNO em: A divina comédia.
quando la bella cittá, uno tanto cosi bella, si torna brucciatta, scura le vie,tra la gente "bella", si guarda la reálta, di questa cittá, L'inferno di Dante, la bruta reálta di questa Cittê Civillitê, ui mon n'amour, le mascherê sui brute!
ResponderExcluirArrevoir, l'amour
IO
tu soy un borracho, mi compadre. Estais loco con su problematicas sen sentido.
ResponderExcluirMira tu voz, torna-te un tenor paschoalino, segues tu rumo, tu ideal, perturbador de la casa alheia con tus problematicas...